Enchente em Rio das Pedras,
Pesadelo recomeça.
Todos vão para as varandas,
Suas portas ou janelas.
Não tem muito o que fazer,
Pois o rio transbordou.
O nível da água subiu
E a rua alagou.
O corre-corre começa,
Para levantar os bens.
Desespero é total.
Começa o vai e vem.
Vielas são alagadas,
Começou o desespero,
Os mais "fortes" saem de casa,
Para ajudar os companheiros.
Os idosos vão para a porta,
Parecem esperar socorro.
As crianças não entendem,
Todo aquele alvoroço.
A correnteza está forte,
Mas precisamos ser mais.
Levantamos geladeiras,
Camas, fogões e sofás.
A favela está unida,
Formou-se um multirão.
Já pensou se fosse assim,
Para fazer Revolução?
Muitos baldes apareceram,
Com guerreiros em prontidão.
Veio a Maria, veio o Pedro,
A Beth e o João.
Muitos rodos em ação,
De maneira solidária.
Logo a chuva vai embora.
Venceremos a batalha.
A tempestade passou,
Deixou estrago irreparável.
Muita lama e tristeza.
Prejuízo incalculável.
A favela foi destruída,
Mas logo se levantará,
Com certeza com mais força,
Mais unida estará.
A solidariedade nessas horas,
É o que me emociona.
Uma força coletiva,
Que sempre me impressiona.
Quem vive na "anti-cidade",
Sempre foi sobrevivente,
Aprende a ser humano,
Aprende a ser mais gente.
Hoje o que presenciei,
Deixou-me emocionado.
A união de uma classe,
Trabalhando lado a lado.
E a força desse povo,
É o que me deixa otimista,
De ter um país melhor, Para essa gente tão sofrida.
Poema de Professor João Paulo Dias de Rio das Pedras
João Paulo
Professor João Paulo Dias é morador de Rio das Pedras.